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Com a maioria dos habitantes abaixo da linha da pobreza, Portel enfrenta colapso de saúde com avanço da Covid-19

O impacto da pandemia do novo coronavírus em Portel, segunda cidade mais populosa do Marajó, trouxe à tona a precariedade e dificuldades enfrentadas pela população do município. O local possui uma das piores médicas de Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), atingindo apenas 0,483. Antes da Covid-19 chegar em Portel, o município contava com apenas dois médicos e 27 leitos clínicos, para atender uma população de mais de 62 mil pessoas. A situação em Portel é foco da terceira e última reportagem da série “A Covid-19 no Marajó”, transmitida pela TV Liberal nesta sexta-feira (3).

Um dos desafios de marajoaras para investir em saúde está no orçamento público. Em 2019, o investimento federal por habitante no Marajó foi de R$ 128 por mês, abaixo do estabelecido pelo Banco Mundial como Limite da Extrema Pobreza, que é de R$140 por pessoa. A situação é ainda mais preocupante para o município de Portel, que depende de mais de 92% de recursos externos.

O sistema de saúde no município, que apresentava problemas antes mesmo da pandemia, teve que se readaptar. Como estratégia, Portel passou a monitorar casos de pacientes com sintomas leves da Covid-19 em casa. Durante o mês de junho, mais de 340 pessoas seguiram o tratamento da doença em suas residências. Por outro lado, pacientes com sintomas graves de Portel e comunidades vizinhas enfrentam desafios em busca de atendimento adequado.

Um desses pacientes é o lavrador Davi, de 39 anos. O marajoara precisou viajar por 12h de barco da sua comunidade até o município mais próximo, em Portel. Após três dias internado, Davi precisou ser transferido para Breves, no Marajó. O quadro do paciente agravou e precisou passar por outra transferência no dia 8 de junho, de Breves para a Santa Casa, em Belém. Pelas lentes de Tarso Sarraf foi possível registrar a coragem do marajoara Davi, que está há mais de 31 dias lutando pela vida. Enquanto isso, filhos e esposa aguardam esperançosos pela alta médica e retorno de Davi.

O sistema funerário também entrou em colapso em Portel. Para sepultar vítimas da Covid-19, a Prefeitura improvisou um cemitério, a 6km do centro da cidade, onde ao menos 14 pessoas foram enterradas. De acordo com o último boletim divulgado nesta quinta-feira (2) pela Secretaria de Saúde do Pará, Portel registrava 749 casos confirmados e 35 óbitos por Covid-19.

Para tentar conter o avanço da pandemia, Portel adotou medidas como a interdição de praias e ruas foram sanitizadas. Como forma de auxiliar na saúde municipal precária, a Policlínica Itinerante foi montada em uma escola de Portel. Em três dias, foram realizados cerca de 1.300 atendimentos à população local.

G1 Pará

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