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Poluição da Baía do Guajará oferece riscos à saúde; banhos não são recomendados

A Baía do Guajará é um dos principais elementos da paisagem e do ecossistema de Belém. Ao longo da orla da cidade, esse grande rio parece convidar para um mergulho. Foi o que fez um casal, protagonista de um vídeo que viralizou no fim do ano passado, nas redes sociais. Eles foram flagrados durante um banho nas águas da Baía, próximo ao Complexo do Ver-o-Peso. A cena levantou questionamentos, na internet, sobre a salubridade da prática. Um estudo feito por pesquisadores da Universidade do Estado do Pará (Uepa), da Universidade Federal Rural do Pará (Ufra) e de um centro universitário particular de Belém, aponta que as águas na Baía do Guajará oferecem uma série de riscos à saúde.

O artigo “Poluição ambiental e qualidade das águas superficiais da Baía do Guajará, Belém-PA” chegou à conclusão de que a água da Baía do Guajará sofre “uma grande influência da ação poluidora advindas de práticas portuárias, e da concentração urbana que despeja efluente in natura, principalmente de origem doméstica, sem pré-tratamento”, diretamente no rio.

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Uma das autoras da pesquisa, a química Vívia Martins, especialista em Química Ambiental e Análise Química Instrumental, explica que, em diferentes pontos da orla de Belém, é possível atestar que as águas possuem altas concentrações de agentes poluidores.

“[Em uma pesquisa que fiz], foram analisados oito pontos, que vão desde o porto de Belém, em frente à estação das docas, até a base naval de Val de Cans. As análises foram realizadas para a obtenção do Índice de Qualidade das Águas (IQA). Foram encontradas altas concentrações de coliformes termotolerantes nas águas da Baía do Guajará, o que pode indicar uma contaminação predominantemente humana. Essa variável está possivelmente relacionada ao lançamento de águas residuais domésticas não tratadas (esgoto bruto), bem como resíduos provenientes de atividades portuárias”, conta a pesquisadora.

A especialista comenta que, nesse estado, a água oferece alguns riscos à saúde, como infecções gastrointestinais, devido à exposição a bactérias que causam diarreia, vômito, dores abdominais e outros sintomas. A água também pode afetar a pele, provocando infecções cutâneas, irritações ou alergias.

Mesmo diante dessas circunstâncias a Prefeitura de Belém diz que não existe uma regulação municipal sobre o uso da Baía do Guajará para banhos. Em nota, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma) afirmou não ter competência legal para proibir banho, mas se atém às questões relacionadas a crimes ambientais, que se dão a partir de demandas advindas de denúncias ou pela constatação, pelos técnicos da Semma, de alguma ocorrência de agressão ao meio ambiente.

Canoísta flagra constantemente lixo e entulho ao longo do rio. (Admilson Santos / Especial para O Liberal)

Admiração que gera cuidado

Quem utiliza quase diariamente a Baía do Guajará para prática esportiva e de lazer é o canoísta Admilson Santos. Ele, que gerencia um clube de canoagem em Belém, conta que sempre se depara com a poluição do rio durante as remadas e lamenta o fato:

“Infelizmente essas águas são muito castigadas pela poluição do meio urbano de Belém. A gente percebe que a água tem uma coloração diferente por conta dos canais que jogam o esgoto diretamente no rio. Em alguns locais é possível ver entulhos, objetos de grande porte. Um fator muito preocupante também é a água com óleo diesel, das embarcações, principalmente aqui na frente de Belém, por conta dos portos. É muito comum, durante as remadas, a gente ver óleo na água, seja por conta de lavagem de embarcações, seja pelo descarte das embalagens nas águas. A água com óleo diesel fica grudada nas nossas embarcações e, quando a gente finaliza as nossas atividades, sempre temos que lavar as canoas”, ele conta.

Admilson Santos acredita que a prática da canoagem pode despertar consciência ambiental. (Ivan Duarte / O Liberal)

O canoísta também já presenciou pessoas tomando banho às margens da Baía do Guajará, tanto do lado de Belém, quanto do lado oposto. Ele referencia a prática à uma memória ancestral ribeirinha que não resiste às águas do rio para se refrescar. Contudo, Admilson tem consciência de que seria muito melhor se o rio não sofresse com a poluição.

Para Admilson, a prática de canoagem tem sido uma importante ferramenta para despertar a consciência ambiental dos adeptos, pois, durante as remadas, o público pode se maravilhar com o rio e as paisagens, sentindo na pele a tristeza de se deparar com a poluição. Por meio do clube, Admilson conta que já promoveu ações de limpeza e conscientização.

“Nós já fizemos remadas de conscientização, chamadas Limpeza dos Rios, aderindo a iniciativas nacionais e outras causas de grupos que também fazem esse tipo de trabalho. Sem dúvida um dos grandes benefícios que a canoagem traz, além da saúde física e emocional do praticante, é despertar a consciência ecológica do meio em que estamos inseridos, que é a água, para que a gente continue usufruindo dela da melhor maneira possível”, comenta Admilson.

Fonte: Pará – O Liberal.com 

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