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Pólio: mudança para vacina intramuscular aumentará proteção contra a doença

A partir do primeiro semestre de 2024, vai mudar o esquema  de aplicação da vacina contra o vírus da poliomielite (paralisia infantil) no Brasil, substituindo-se a vacina oral poliomielite (VOP) pela versão inativada (VIP), com aplicação intramuscular, do imunizante. Atualmente, a vacinação abrange três doses da VIP, aos 2, 4 e 6 meses de idade, e duas doses de reforço da VOP, aos 15 meses e aos 4 anos de idade. No ano que vem, as duas doses de reforço da vacina oral serão substituídas por apenas uma dose de reforço da vacina inativada, aos 15 meses de idade. Serão, então, quatro doses, aos 2, 4, 6 e 15 meses de idade. Com informações da Agência Brasil.

O Ministério da Saúde anunciou essa mudança no esquema vacinal no dia 7 de julho. A decisão foi recomendada pela Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização (CTAI). Essa Câmara considerou as novas evidências científicas que indicam a maior segurança e eficácia da VIP. Entretanto, o MS destacou que o Zé Gotinha, símbolo histórico da importância da vacinação no Brasil, vai continuar sensibilizando as crianças, os pais e responsáveis, participando das ações de imunização e campanhas do 
governo.

Pará

No Pará, a Secretaria de Estado de Saúde (Sespa) informa que em 2022 a meta de vacinação contra poliomielite era de 143.477 crianças menores a 1 ano de idade e que o percentual de 66% corresponde a 94.695. Já em 2023 a meta de vacinação é de 143.477 crianças menores de 1 ano de idade com cobertura vacinal, até o momento, de 47%, o que corresponde a 67.434 do público alvo. A Secretaria aguarda a notificação oficial do Ministério da Saúde sobre todas as mudanças do esquema vacinal.

A Secretaria informa que, desde 2012, com a entrada do esquema VIP e VOP passou-se a administrar a Vacina Inativada da Pólio por via intramuscular. “Então, a rede já está habilitada com a aplicação da vacina pólio via intramuscular seguindo o esquema vacinal”, acrescenta.

A Sespa indica que, de acordo com o Plano Nacional de Imunização, o esquema vacinal envolve: 1° dose aos 2 meses: vacina inativada da pólio- VIP (injetável- via intramuscular); 2°dose aos 4 meses: vacina inativada da pólio- VIP (injetável- via intramuscular); 3° dose aos 6 meses: vacina  inativada da pólio- VIP (injetável- via intramuscular); a 3° dose da VIP encerra o esquema primário e a criança está apta para receber as doses de reforço. O
1° Reforço aos 15 meses: Vacina Oral da Pólio/VOP- 2 gotas; 
2° Reforço aos 4 anos: Vacina Oral da Pólio/VOP – 2 gotas.

“As crianças são vacinadas oportunamente contra a poliomielite-VIP: aos 2, 4 e 6 meses (qdo são menores de 1 ano). E fazem o 1° Reforço com a VOP com 1 ano de idade e o 2° Reforço aos 4 anos de idade. Porém, as crianças não vacinadas oportunamente, ainda podem ser resgatadas e protegidas contra a pólio até menores de 5 anos de idade. Para receber qualquer dose de VOP, a criança precisa ter a comprovação das três doses da VIP”, complementa a Sespa.

Vacinação

O médico infectologista Alessandre Guimarães, presidente da Sociedade Paraense de Infectologia (SPI), ressalta que a doença viral poliomielite é transmitida por meio de gotículas quando se fala, tosse ou beija. Alessandre destaca que “a vacinação é a única forma de deixar nossas crianças protegidas”, mas se enfrenta “queda na cobertura vacinal, cuja meta estratégica da OMS é acima de 95% da população vacinada; atualmente no Brasil, a cobertura contra poliomielite está em 77% o que é um grande risco”.

Como destaca o infectologista, “basta um caso para podermos ficar diante de uma tragédia”. “Uma criança não vacinada corre risco de dias a horas de evoluir com paralisia até morte, pois é um vírus que tem predileção em acometer o sistema nervoso. Então, devemos vacinar precocemente todas as crianças”, completa Alessandre Guimarães.

Paralisia

A pólio pode paralisar pernas e braços de uma pessoa, e, inclusive, forçar que parte dos cidadãos que se recuperam a usar cadeiras de rodas e outros suportes para locomoção. Também pode levar à morte por asfixia, com a paralisia dos músculos torácicos da respiração. Em 1988, havia mais de 350 mil casos de pólio no mundo. Nessa epidemia, a vacina oral foi de grande valia, como  contextualiza Luíza Helena Falleiros Arlant, presidente da Comissão de Certificação da Erradicação da Pólio no Brasil, que integra o Programa Nacional de Imunizações (PNI) junto à Organização Pan-Americana de Saúde (Opas). 

Com a vacina oral, a pólio foi eliminada na maior parte dos continentes. Mas, pesquisas mais recentes, a partir dos anos 2000, mostraram que a VOP era menos eficaz e segura que a vacina intramuscular. “Crianças com desnutrição, com verminoses ou doenças intestinais podem ter interferências na resposta à vacina oral. Já a vacina inativada, não. Ela protege muito mais, sua resposta imunogênica é muito mais segura, eficaz e duradoura”, ressalta Luíza Helena.

Desde então, países de todo o mundo vêm substituindo gradativamente a vacina oral pela inativada, o que já foi feito por ao menos 14 países na América Latina. A meta da Organização Mundial da Saúde (OMS) é que a vacina inativada substitua a oral em todo o mundo até 2030.

Diferenças

A vacina oral contém o poliovírus atenuado, isto é, ainda “vivo”, porém enfraquecido, de modo que não cause mais a doença. Já a vacina inativada recebe esse nome porque o vírus já foi inativado, “morto”, e não há mais chances de que possa sofrer mutações ou e se reverter em uma forma virulenta.

Estudos sobre o tema têm se intensificado a partir dos anos 2000, conta Luiza Helena, e constatou-se que o poliovírus atenuado que entra no organismo com a imunização pode sofrer mutações e voltar a uma forma neurovirulenta ao ser excretado no meio ambiente com as fezes. 

“Hoje a gente sabe que o vírus mutante eliminado pelo intestino pode acometer quem está do lado, e, se essa pessoa não estiver devidamente vacinada, ela pode ter pólio”, afirma ela. Baixas coberturas vacinais e a existência de populações sem saneamento básico (contato com esgoto ou água contaminada por fezes com o poliovírus selvagens ou mutantes).

Baixas coberturas

Segundo o Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI), as doses previstas para a vacina inativada contra a pólio atingiram a meta pela última vez em 2015, quando a cobertura foi de 98,29% das crianças nascidas naquele ano.

Depois de 2016, a cobertura entrou em uma trajetória de piora que chegou a 71% em 2021. Em 2022, a cobertura subiu para 77%, mas continua longe da meta de 95% das crianças protegidas.

As coberturas nacionais também escondem desigualdades regionais e locais. Enquanto o Brasil vacinou 77% dos bebês nascidos em 2022, a cidade de Belém vacinou apenas 52%, e o estado do Rio de Janeiro, somente 58%.

O Brasil não detecta casos de poliomielite desde 1989 e, em 1994, recebeu da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) a certificação de área livre de circulação do poliovírus selvagem, em conjunto com todo o continente americano.

A vitória global sobre a doença com a vacinação fez com que o número de casos em todo o mundo fosse reduzido de 350 mil, em 1988, para 29, em 2018, segundo a OMS. 

 

 

Fonte: Pará – O Liberal.com 

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