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Parar de fumar cheira bem, por Josué Costa

Uma das vantagens anunciadas pelos ex-fumantes, ainda que de forma tímida, sem a devida importância que merece, é a eudaimonia , palavra grega usada por Aristóteles para significar uma felicidade contagiante, que alcança não só uma, mas várias pessoas. 
O filósofo de Estagira garante que a verdadeira felicidade é exatamente aquela que alcança o maior número de pessoas possíveis. Nunca é egoísta. Devo sempre desconfiar daquela felicidade cujo sorriso no meu rosto não desperta sorrisos em outros rostos.
Eu observei com interesse e prazer o testemunho de alguns ex-fumantes na  última e recente terapia que participei no CRAFT mais vitorioso do SUS-PA, aquele sob a regência da maestrina médica Fátima Houat.
Quando paramos de fumar sentimo-nos mais felizes. Às vezes nem percebemos. E pouco ou quase nada falamos desse sentimento. Meu filho João, num gesto espontâneo,  disse alguns meses depois de eu ter parado de fumar, que passou a sentir mais prazer em me abraçar e me beijar. Quer mais notícias do Brasil? Acesse nosso canal no WhatsApp!
O João me explicou o que quis dizer:  lembrou que antes de eu parar de fumar ele já me abraçava e me beijava, mas o fazia por obrigação moral, por respeito, por ver que eu gostava do carinho dos filhos. Ora, ninguém é feliz fazendo um gesto amoroso sem prazer. Acarinhar um fumante deve ser um sacrifício!  O próprio fumante muitas vezes se sente incomodado pelo próprio mau-cheiro que lhe deixa a nicotina. 
Quando um senhor que recentemente parou de fumar lembrou que recebeu elogios da esposa depois do carinho que lhe foi dispensado, lembrei do elogio  do meu filho João.
Quando excluímos o entranhado cheiro da nicotina de nossas vida nós mesmo percebemos a mudança. Sentimo-nos felizes, orgulhosos. Essa alegria também se estende a quem sofria calado com o cheiro do cigarro. 
Quando paramos de fumar somos mais felizes e fazemos outros mais felizes.  Assim como o ato de fumar lesa também o não-fumante ao torná-lo passivo, o ato de parar de fumar tem também uma dimensão coletiva:  faz bem também aos nossos convivas. É isso que Aristóteles quer ensinar com a eudaimonia. É o efeito dominó do bem.
 Josué Costa é professor, advogado e filósofo.

Fonte: DOL – Diário Online – Portal de NotÍcias 

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