O Pará está entre os três estados brasileiros com maior ocorrência de infecção pelo HTLV (vírus linfotrópico de células T humanas). A informação foi divulgada no jornal científico “Beira do Rio”, da Universidade Federal do Pará (UFPA). A doença é marcada pela dificuldade na prevenção, no controle e no diagnóstico, especialmente em países subdesenvolvidos, a infecção pelo HTLV permanece sem vacina ou cura definitiva conhecidas.
O vírus T-linfotrópico humano, também chamado de HTLV, foi isolado, pela primeira vez no começo dos anos 80 e é dividido entre os tipos 1 (HTLV-1) e 2 (HTLV-2).
Para compor a avaliação dos HTLV-1/2 na capital, o acadêmico do curso de Farmácia da UFPA, Bruno José Sarmento Botelho, desenvolveu com a equipe do Laboratório de Virologia (LabVir/ICB), o trabalho Avaliação do perfi l epidemiológico da infecção pelo HTLV na cidade de Belém-Pará.
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A pesquisa foi orientada pelo professor Antônio Carlos Rosário Vallinoto e está ligada ao Projeto de Pesquisa “Marcadores epidemiológicos de frequência dos HTLV-1/2, seus subtipos moleculares e aspectos sociocomportamentais de risco para a infecção em populações humanas das Regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil”.
Desenvolvido no período de agosto de 2021 a agosto de 2022, o trabalho teve como objetivo traçar um perfil soroepidemiológico da infecção de acordo com sexo e faixa etária, observar a prevalência dos tipos de HTLV encontrados e descrever os principais fatores comportamentais de risco daqueles com diagnóstico positivo, considerando relações sexuais desprotegidas, uso de drogas injetáveis, realização de transfusão sanguínea e aplicação de piercings ou tatuagens. A pesquisa envolveu uma abordagem populacional, com a análise de 1.572 indivíduos moradores da cidade de Belém.
A reportagem solicitou informações e dados à Secretaria de Saúde do Pará (Sespa), Ministério da Saúde e Universidade Federal do Pará e aguarda resposta.
Iniciativa da UFPA oferta atendimento para pessoas com HTLV
Como parte de um projeto que busca dar mais visibilidade à infecção de HTLV-1/2, o LabVir da UFPA desenvolve o Serviço de Atendimento à Pessoa Vivendo com HTLV (SAPEVH).
A ação busca ofertar um serviço de ambulatório específico para oferecer melhor suporte ao paciente. Os atendimentos são realizados no Laboratório LabVir, no Campus Guamá da UFPA, sempre às sextas-feiras, das 8h às 12h. É necessário apresentar o encaminhamento médico que solicita o exame de pesquisa de infecção pelo HTLV. Caso haja confirmação de diagnóstico, o paciente é encaminhado para atendimento na Unidade Municipal de Saúde do bairro Jurunas.
A ação une profissionais de diversas áreas da saúde para promover um serviço de triagem e diagnóstico da infecção, acolhimento e aconselhamento dos pacientes, bem como monitoramento das condições de saúde do indivíduo infectado, com um calendário de consultas, exames e métodos terapêuticos em caso de detecção de patologias relacionadas à doença.
O diagnóstico é realizado por meio de dois testes laboratoriais que analisam amostra de sangue coletada em laboratório. No primeiro deles, é verificada a presença de anticorpos contra o vírus e, no segundo, em caso de resultado positivo, é verificada a presença do material genético do vírus.
O desenvolvimento de décadas de pesquisa permitiu a ligação da infecção do HTLV-1 com doenças que surgem entre 3% e 5% dos infectados, como inflamações no sistema nervoso, nas articulações, na pele, nos pulmões, nos olhos, ou, mais raramente, nos casos de leucemia-linfoma de células T do adulto (ATL).
A principal arma de combate segue sendo a divulgação de informações essenciais sobre a doença, a oferta de diagnóstico e acompanhamento, além da produção de pesquisas que monitoram a progressão da doença em determinadas regiões.
Fonte: Pará – O Liberal.com