No Pará, o número de óbitos em idosos por queda da própria altura mais que dobrou em 10 anos. Conforme dados divulgados pelo Ministério da Saúde, em 2013, esse balanço apontou 62 registros no Estado. Já em 2022, o número subiu para 144. O crescimento é de 132% no período. A queda da própria altura leva em consideração: queda no mesmo nível por escorregão, tropeção ou passos em falsos (traspés) e outras quedas no mesmo nível. A pasta destacou que os dados de 2022 são preliminares e estão sujeitos a alterações.
O MS informa que, em 2013, 62 pessoas idosas morreram de queda própria altura no Pará. Em 2014, foram 88 óbitos; em 2015, 88; em 2016, 107; em 2017, 123; em 2018, 110; em 2019, 117; em 2020, 114; em 2021, 131; em 2022, 144 óbitos. Na soma de casos, no período, chega-se a 1.084 óbitos. De 2013 até outubro de 2023, no Pará, foram 1.392 internações de pessoas idosas (65 anos de idade).
De acordo com a Secretaria de Saúde Pública do Pará (Sespa), por meio do Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência (HMUE), em 2022, 838 idosos foram internados na unidade hospitalar vítimas de queda. Em 2023, foram 1.150, o que representa um aumento de mais de 37% no número de pessoas com mais de 60 anos internadas.
No Brasil, também segundo levantamento do MS, o total de óbitos de pessoas idosas por queda da própria altura quase dobrou: saltou de 4.816, em 2013, para 9.592, em 2022, perfazendo 70.516 mortes em dez anos. O atendimento a essas pessoas subiu de 16.535, em 2013, para 33.544, em 2022, segundo o Sistema de Informações Hospitalares e do Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS.
O Censo Demográfico 2022, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), indica que, no Brasil, 32.113.490 habitantes têm 60 anos ou mais de idade, o que representa 15,81% da população. Já no Pará, 876.332 habitantes têm 60 anos ou mais de idade, o que representa 10,79% da população.
Alerta
Diretor da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia Regional Pará (SBOT PA) e membro da Sociedade Brasileira do Quadril, o ortopedista Maurício Câmara destaca que “as quedas das pessoas idosas são um evento multifatorial por conta da associação da perda de massa muscular ao longo da vida, que gera menor resistência à queda (o idoso não consegue responder rapidamente e se equilibrar) e a acaba tendo menos massa muscular para proteger os ossos quando ocorre a queda ao solo”.
Somado a isto, há quadros neurológicos e demenciais, diminuição da acuidade visual e algumas “armadilhas” de dentro de casa e na rua, no dia a dia. Há lugares específicos em que as quedas acabam sendo mais propícias de acontecer, como pisos escorregadios dos banheiros, escadas com pouca sinalização e sem corrimão. “A queda pode até mesmo acontecer na própria sala de casa com tapetes que não estão presos ou mesas de centro que são colocadas sem a ciência destes idosos”, pontua o médico.
Prevenção
A prevenção a esse tipo de situação envolve fatores diversos como a iluminação melhor dos ambientes, colocação de apoios para as mãos (corrimão, barras nos banheiros), retirada de móveis que fiquem no meio dos cômodos e de tapetes soltos. No entanto, é importante também acompanhar o idoso de modo interdisciplinar, com um oftalmologista, geriatra, fisioterapeuta e o ortopedista. Até porque os efeitos de uma queda para a pessoa idosa englobam contusões, fraturas. Alguns pacientes não voltam a andar, após uma fratura, apesar dos avanços da medicina.
São recomendáveis o tratamento da osteoporose, avaliação com um ortopedista titular da SBOT e a realização de fisioterapia e atividade física para recuperar a massa muscular perdida e ganhar agilidade.
Interação
O geriatra Karlo Moreira, preceptor da Residência Médica em Geriatria da UFPA, destaca que, para orientar uma pessoa idosa a cumprir recomendações preventivas a quedas, é necessário entender que esse cidadão ou cidadã quer se sentir produtivo (a), útil, e, então, não se deve sair dando ordens, dizendo, por exemplo, que ele (a) não consegue mais fazer determinada atividade. “As pessoas não aceitam, e é perfeitamente compreensível; então o que está errado talvez seja a forma de dizer, a forma de falar, a forma de agir. A gente precisa ser diferente com eles”, salienta o médico.
É preciso fazer com que a pessoa idosa tome a decisão de que é importante ter um acompanhante em situações do dia a dia, que esse responsável deve ir ao médico para buscar resolver problemas do idoso, como no caso de algum efeito colateral de medicamentos, correção visual, problemas nos joelhos e outros. “A maioria das quedas se acontecem dentro de casa, e, então, precisamos tornar esse ambiente mais seguro aos idosos, além de políticas públicas relacionadas a vias e ao trânsito (semáforos)”, assinala Karlo Moreira.
Fonte: Pará – O Liberal.com