Ana Paula Souza, de 40 anos tirou a primeira habilitação aos 20 anos de idade logo que terminou a faculdade de publicidade e propaganda. “Foi um presente de formatura dos meus pais. Era um grande sonho, mas um ano depois eu estava indo com a família para Mosqueiro e fui fazer uma ultrapassagem e meu pai se assustou. Ele mandou eu parar no acostamento e assumiu a direção. Eu nunca mais tive coragem de dirigi e sempre ouvia que eu não tinha condições”, relembrou.
Ano passado a necessidade fez com que Ana Paula voltasse a dirigir. “Eu procurei a auto escola e fiz tudo de novo. Tirei novamente a habilitação e agora já habilidade estou fazendo mais aulas de direção para ficar bastante segura”, contou.
Assim como Ana Paula muitas outras mulheres já habilitadas procuram cada vez mais as auto escolas para “tirar o medo de dirigir”, como conta a instrutora Meiricélia Magalhães, que trabalha há 14 anos na função.
“Percebemos que está aumentando a procura de mulheres que já possuem a CNH, mas que querem fazer aulas de direção na auto escola e de forma particular em seus carros. A procura dessas mulheres é bem maior do que de mulheres que querem tirar a habilitação aqui em Castanhal”, contou a instrutora.
Segundo a Meiricélia Magalhães as alunas relatam que sentem medo e insegurança na hora de pegar o veículo.
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“Eu percebo que medo de dirigir delas está diretamente ligado ao preconceito dos homens. Inúmeras vezes já escutamos a frase “mulher no volante perigo constante”. É um triste ditado popular e sabemos que poucos são os acidentes provocados por mulheres porque nós temos mais cautela”, disse a instrutora.
Outro fator percebido que as impede de dirigir é o preconceito do próprio companheiro.
“Muitas alunas já vem de casa com um medo que o próprio companheiro colocou nelas. Já tive aluna que abriu mão de tirar a habilitação para dar a prioridade para o marido porque ele disse que ela não conseguiria aprender. A gente luta tanto por igualdade, mas ainda vejo mulheres com muito medo da opinião dos homens”, constatou.
Fazer a baliza, estacionar em shoppings, trafegar na rodovia BR -316 são algumas das dificuldades relatas pelas alunas.
“O medo delas é de não conseguirem fazer as manobras, como estacionar, ultrapassar ou simplesmente dirigir na BR -316 por causa do movimento de caminhões. Elas também querem pode ir ao shopping de carro, subir um viaduto e tudo mais que for necessário. Eu trabalho sempre o emocional dessas mulheres e falo que elas são capazes”, contou.
A cabelereira Fabiana Silva Ribeiro, de 30 anos é habilitada e contratou os serviços da instrutora para superar a dificuldade de dirigir.
“O maior obstáculo que nós temos no transito é o preconceito dos homens com as mulheres. Tem aquele pensamento de que mulher não pode fazer o que eles fazem e dirigir é uma delas. A gente precisa quebrar esse obstáculo e mostrar que mulher pode e sabe dirigir”, disse a cabelereira.
Fonte: Pará – O Liberal.com