O lutador de MMA Diego Braga Nunes, 44, foi encontrado morto no Rio de Janeiro na noite desta segunda-feira (15) depois de tentar recuperar, por conta própria, sua moto que tinha sido furtada horas antes. Imagens mostram o veículo sendo levado por dois homens de dentro da residência do atleta.O corpo do atleta foi achado com marcas de tiros em uma área de mata do Morro do Banco, no Itanhangá, na zona oeste, após policiais do 31º BPM (Barra da Tijuca) e do Bope (Batalhão de Operações Especiais) realizarem buscas na região. A delegacia de homicídios apura o caso.Conteúdo Relacionado:Lutador de MMA sobe morro atrás de moto e some no RioA moto do lutador é uma Yamaha XTZ250 ano 2023, com valor de tabela de cerca de R$ 25 mil.Segundo investigadores, a principal suspeita é a de que traficantes do Comando Vermelho tenham assassinado o lutador após o atleta ter sido confundido com um miliciano. A região passa por disputas entre as duas organizações criminosas.Após o furto, o atleta foi às redes sociais dizer que a moto havia sido levada. “Amigos, minha moto foi furtada ontem de madrugada na Muzema, dentro a minha garagem! Compartilhem por favor e me ajudem a achar esses vagabundos e recuperar minha moto!”, escreveu. Ver essa foto no Instagram Uma publicação compartilhada por UFC da Depressão (@ufc_da_depressao) Um suspeito de ter participado do homicídio do lutador, Tauã Silva, 18, foi preso na manhã desta terça (16). Ele ainda não passou por audiência de custódia e não há informações sobre um possível defensor.Segundo policiais militares, ele disse que os traficantes teriam encontrado no celular de Nunes contatos de milicianos e policiais. O atleta ainda tentou afirmar que chegou a dar aulas na comunidade, por isso, teria os contatos. O depoimento oficial de Silva ainda não foi divulgado.Ainda de acordo com os militares, Silva teria dito que o lutador tentou correr ao ser apontado como miliciano, mas foi morto a tiros ao lado de uma creche. Depois, seu corpo foi jogado em uma região de mata. Ver essa foto no Instagram Uma publicação compartilhada por Escola de Lutas Douglas Moura (@escoladelutasdouglasmoura) O lutador Rodrigo Nogueira, conhecido como Minotauro, comunicou a morte do lutador, também nas redes sociais. “Infelizmente, venho informar a morte do amigo irmão, que lutou e representou a equipe por anos, Diego Braga. Após ter sua moto roubada na porta de casa, Diego foi à comunidade onde fazia trabalho de artes marciais. Ele era conhecido na comunidade e, por isso, foi tentar recuperar a moto”, diz trecho de seu comunicado.Anderson Silva, ex-campeão do UFC e lenda do MMA, também postou homenagens ao amigo.Ainda segundo a polícia, a moto de Nunes foi furtada da garagem da residência do lutador, na Muzema, por volta de 3h da madrugada de segunda (15) por dois homens. Ele mesmo divulgou as imagens nas redes sociais e decidiu ir atrás do veículo.Antes de ir ao Morro do Banco, Nunes teria passado pela comunidade da Tijuquinha, na mesma região.Nunes foi lutador profissional de muay thai e MMA. Sua carreira profissional no MMA teve início em 2003 e ele chegou a lutar com Charles do Bronx -ex-campeão do UFC-, Miltinho Vieira, Adriano Martins e Iliarde Santos.MORTES NA COMUNIDADE QUASE TRIPLICARAM EM 2023O Morro do Banco é controlado por traficantes do Comando Vermelho desde março de 2023, início a expansão do tráfico para a zona oeste com a fragmentação da milícia.A comunidade faz parte da 31ª Aisp (Área Integrada de Segurança Pública), que inclui oito bairros. A disputa entre os criminosos fez o número de mortes disparar na região, com aumento de 194% na letalidade violenta entre os meses de janeiro a novembro de 2023, ante o mesmo período do ano anterior.A letalidade violenta, que reúne os casos de homicídio doloso, latrocínio, lesão corporal seguida de morte e morte por intervenção de agente do estado, teve 100 registros nos 11 primeiros meses de 2023 e, em 2022, 34, no mesmo período.Esse é o maior número em 20 anos do índice na região, já que em 2003, nesse período, foram 143 casos. Depois, o maior registro da letalidade ocorreu em 2018, com 63 casos de mortes intencionais. Os dados são do ISP (Instituto de Segurança Pública). Os números de dezembro do ano passado ainda não foram divulgados.Um dos líderes do CV que coordenaria o tráfico no Morro do Banco seria Pedro Paulo Guedes, o Pedro Bala. Ele estaria escondido na Rocinha e há informações passadas à polícia de que, após a repercussão da morte do lutador, ele teria suspendido uma festa para comemorar os seus 42 anos, que completa nesta quarta.Pedro Bala tem três mandados de prisão em seu nome, sendo dois por homicídios e um por tráfico de drogas. Um dos homicídios é da adolescente Gabriela Estefany da Silva Pinto, 15. A Polícia Civil concluiu que ela foi morta após se relacionar com um traficante rival.A reportagem não localizou no Tribunal de Justiça a defesa de Pedro Bala. Um advogado que tem clientes apontados como integrantes da quadrilha afirmou à reportagem que ele não tem defensor.
Fonte: DOL – Diário Online – Portal de NotÍcias