Rosa Borges Dias, 58 anos, moradora do distrito de Icoaraci, em Belém, descobriu o glaucoma há cerca de sete anos. Sua mãe perdeu a visão por conta da doença, e isso fez com que a filha se preocupasse e descobrisse que tinha herdado a debilidade. O mal é a maior causa evitável de cegueira no mundo. O Dia Nacional de Combate ao Glaucoma, celebrado em 26 de maio, traz à tona debates sobre a prevenção e o combate ao problema. No Brasil, 1,3 milhão de pessoas deixaram de adquirir a enfermidade nos últimos cinco anos, após serem atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), segundo dados do Conselho Brasileiro de Oftalmologia.
Além do glaucoma, Rosa contou que tem miopia e que os óculos são seus companheiros desde a juventude. “O colírio se tornou o meu principal companheiro desde quando minha médica disse que devo usá-lo continuamente. Acho que tinha 18 anos quando comecei a usar óculos depois de ter um derrame ocular, que veio junto com uma conjuntivite muito forte. A minha visão é algo que preciso sempre estar atenta, e me cuidar é indispensável porque vi a minha mãe perder a vista por conta do glaucoma. Ela quase entrou em depressão na época, e isso foi suficiente para eu ficar alerta e não deixar o tratamento de lado”, comentou.
O oftalmologista Lauro Barata explica que o glaucoma é uma lesão no nervo óptico ocasionada pelo aumento da pressão intraocular. O especialista destaca que na maioria das vezes os sintomas não aparecem, e esta é a razão de tanta preocupação com o diagnóstico precoce, para que se possa instituir a terapêutica adequada quanto as causas podem ser várias, porém, os sintomas estão ligados principalmente a idade acima de 40 anos, ao sexo feminino, à raça negra e à hereditariedade.
A melhor prevenção, segundo o especialista, é o acompanhamento médico realizado pelo oftalmologista por meio da realização de exames como tonometria, que nada mais é do que a medição da pressão ocular, como também nos casos suspeitos o uso do exame de campo visual computadorizado, o mapeamento de retina retinografia – que são as fotografias do dentro do olho da retina – e também pode se usar o exame chamado de OCT, que significa Tomografia de Coerência Óptica. “O tratamento se baseia inicialmente no uso de colírios hipotensores oculares, eles fazem com que a pressão ocular abaixe, ou seja, levam a uma diminuição da produção do líquido que circula dentro do olho ou aumento da drenagem desse mesmo líquido”, explicou Lauro Barata.
Bettina Ferro é referência no Pará
No Pará, o Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza (HUBFS), no bairro do Guamá em Belém, é referência no diagnóstico e tratamento do glaucoma, atendendo em média 300 pacientes por mês. “Nossos pacientes são provenientes tanto da capital quanto do interior. Não posso afirmar um número exato, mas na prática acredito que seja 50% cada. Os principais exames ofertados no HUBFS são: campimetria computadorizada, gonioscopia, retinografia, paquimetria e tomografia de coerência óptica”, disse o oftalmologista Roberto Leão, especialista em glaucoma.
Segundo o médico, no HUBFS são realizadas consultas, dispensação de colírios para tratamento, exames, tratamentos a laser e cirurgias, tanto para adultos quanto para as crianças com glaucoma congênito. “É importante ressaltar que somos um serviço terciário e, portanto, responsáveis pelos tratamentos de média e alta complexidade do glaucoma”, disse o médico. O hospital realizou cerca de 3.600 atendimentos em 2022, conforme estima Roberto Leão, e em torno de 1.500 em 2023. “Para ser atendido no HUBFS é necessário encaminhamento via atenção primária, ou seja, pelos postos de saúde, que encaminham para os serviços de oftalmologia que compõem o SUS, entre eles o HUBFS”, explicou.
Fonte: Pará – O Liberal.com