terça-feira, novembro 26, 2024
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PT fortalece alianças e se prepara para as eleições municipais de 2024 no Pará, diz Gleisi Hoffmann

Com a aproximação do ano de eleições municipais, a expectativa do Partido dos Trabalhadores (PT) é que, até o início de 2024, 100% das cidades do Pará estejam partidariamente organizadas para concorrer ao pleito eleitoral. A declaração foi dada em entrevista exclusiva que a presidente nacional do sigla, a deputada federal Gleisi Hoffmann, concedeu ao Grupo Liberal. Ela participou de agenda política em Belém durante a sexta-feira (28) e o sábado (29), com o objetivo de articular essas alianças. 

Atualmente, o PT está organizado em 90% dos municípios do estado. Já são 123 diretórios constituídos e seis comissões provisórias. Na entrevista, além de detalhar os objetivos da legenda com a aproximação das eleições, Gleisi também reforçou as críticas ao presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, e falou sobre a importância do Projeto de Lei (PL) das Fake News. Segundo ela, a medida não tem a censura como foco e visa reforçar que a mentira e a violência não avancem nas redes sociais. 

Confira:

Vamos começar falando um pouco sobre a sua agenda e o que a senhora veio cumprir em Belém. Já estamos há pouco mais de um ano para as eleições municipais de 2024. O PT já consegue dar alguma prévia de alianças que possam surgir aqui no Pará e em Belém?

Bom, na realidade, eu vim para cá justamente para a gente conversar um pouco sobre isso, sobre a organização partidária e sobre o reforço do PT enquanto um partido que dá sustentação ao governo do presidente Lula, mas precisa se preparar também para outros desafios. Então, hoje de manhã, eu tive uma reunião com a direção estadual do PT, em que nós conversamos um pouco sobre a realidade do partido aqui e a participação que tem no governo do estado, no governo federal.

A deputada federal Gleisi Hoffmann, concedeu entrevista exclusiva ao Grupo Liberal (Tarso Sarraf / O Liberal)

O PT aqui está organizado em 90% dos municípios. Nós temos 123 diretórios constituídos, apenas seis comissões provisórias e três estados onde não temos nada. Hoje, a direção estadual disse que até o início do ano que vem nós vamos estar organizados em 100% dos municípios. Isso é muito importante, se você não participa do pleito municipal. Então, à tarde, nós vamos falar um pouco sobre organização partidária, como nos preparar para a eleição de 2024 e como constituir uma aliança. 

Obviamente que aqui nós temos uma relação muito próxima com o MDB. O governador Helder, no Pará, foi importante para nós o apoio que ele deu ao presidente Lula, primeiro e, principalmente, no segundo turno. Eles integram o Governo Federal conosco, então, obviamente, nós queremos conversar com o MDB sobre esse desafio no estado todo e nas eleições municipais. 

Mas, nós temos um núcleo de partidos que também vem compondo com a gente desde as eleições passadas de 2018, na frente da Câmara dos Deputados, no Congresso Nacional, e foi base para a nossa aliança mais ampla com o presidente Lula, que é a nossa federação do PT junto com o PCdoB e PV. 

A federação Rede e Psol, que também caminham conosco e, aqui em Belém, a gente tem essa relação com o prefeito Edmilson, que é do Psol, e temos também relação com o PSD e PDT, mas gostaríamos muito que esses partidos pudessem conversar nesse processo para que a gente reproduzisse essa aliança nacional na maioria dos municípios possíveis, para que isso se consolidasse.

Voltando, agora, a nossa conversa para o âmbito nacional, vamos ter a abertura da CPMI do 08 de janeiro. Antes, o governo tinha um posicionamento e, agora, ele adotou outro. Nesse meio tempo, o que foi que mudou? Como vocês estão se posicionando agora e como a senhora acredita que isso vai trazer benefícios para a sociedade?

É que o governo sempre tem uma posição mais conservadora no Parlamento, porque o governo quer ver aprovado os projetos prioritários que ele manda, então, nós estamos lá com o arcabouço fiscal, a reforma tributária… Obviamente, quando você instala uma CPMI, ela acaba sendo o foco das atenções, por isso, o governo tem posição conservadora. 

Nós tínhamos, nos partidos, uma posição mais avançada de que teria que ter a CPMI, porque ela vai ser a oportunidade de nós esclarecermos para o Brasil e mostrarmos quem efetivamente foi responsável por aquele dia que tentaram dar o golpe, no dia 08 de janeiro, que depredaram o Supremo, o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional. Isso precisa ficar esclarecido e tem material farto, vídeos, fotografia, falas de deputados, gravações. 

Nós vamos chegar aos verdadeiros responsáveis, que a gente chama de mentores intelectuais do que aconteceu. Claro, tem que punir também quem esteve lá, quem fez a baderna, quem foi vândalo. Tem que punir quem financiou, porque isso custou dinheiro, levar gente para Brasília, ter aqueles acampamentos em frente às unidades das Forças Armadas, e também tem que punir as autoridades que não fizeram nada. 

Aí, tem Anderson Torres, por exemplo, que era secretário de segurança do DF, foi ministro da Justiça do Bolsonaro, que tinha até uma minuta de decreto de golpe na sua casa, mas que orientou a polícia, ou desorientou a polícia do DF. Então, nessa CPMI, nós vamos ter a oportunidade de esclarecer tudo isso e mostrar para a sociedade os verdadeiros culpados.

No início desta semana, a senhora voltou a falar a respeito do Campos Neto, presidente do BC, sobre a questão da redução das taxas de juros aqui do país. Na sua opinião, o que poderia ser feito para melhorar esse cenário e garantir mais qualidade de vida para a população?

Acho que o Campos Neto tinha que sair do Banco Central. Ele não tem nada a ver com a política que ganhou nas urnas. Esse negócio de mandato não torna a pessoa imexível e eu acho que ele está de má fé. As entrevistas que ele tem dado, os depoimentos que ele tem dado no Senado, quase que são de acinte para o Brasil. Não tem justificativa um juros desse tamanho, nós não temos a maior inflação do mundo, pelo contrário, o Brasil está entre os países que têm as inflações mais baixas, mas temos a maior taxa de juros do mundo. Nossa taxa de juros real é mais que o dobro do país que está em segundo lugar e isso impede a economia de crescer. 

O governo está fazendo um esforço, retomando os investimentos, as obras em estradas e conservação, o Minha Casa, Minha Vida, programas importantes, como o Mais Médicos, isso gera emprego porque você precisa empregar as pessoas para fazer e emprego gera renda, ajuda a economia. Agora, o governo sozinho não vai dar conta disso, porque os maiores investimentos são privados, só que, com uma taxa de juros dessa, a pessoa prefere deixar o dinheiro rendendo na aplicação de títulos do tesouro nacional do que fazer um investimento em que ele pode ter um risco maior. 

Então, é contra o desenvolvimento do Brasil e não justifica, é muito ruim o que nós estamos vivendo hoje e, se a gente tiver problemas de crescimento no nosso país, a responsabilidade vai ser do Banco Central e, na lei de autonomia do Banco Central, diz o seguinte: que ele é responsável para atingir a meta da inflação, reduzir a inflação, mas, também, subsidiariamente, ele é responsável pelo desenvolvimento e geração de emprego e eles não estão cuidando disso, simplesmente estão deixando isso de lado.

A gente consegue considerar, então, que os maiores entraves que o governo tem encontrado para reduzir a taxa de juros no Brasil seria a permanência do presidente do Banco Central?

Eu não tenho dúvidas, nem um pouco. Não adianta que o BC diga que tem que ter política fiscal séria. Tem um esforço do governo agora com o arcabouço fiscal que foi mandado para o Congresso, que substitui o teto de gastos, que nos impediu de fazer investimentos no país, mas, mesmo assim, o presidente do BC diz que isso não tem correlação direta, que é importante o esforço, mas isso não tem correlação direta. Quer dizer, ele não está vendo o esforço que o governo está fazendo, não está querendo enxergar e não está colocando o país no patamar dos demais países no cenário nacional.

Agora no início de maio, vai ter a reunião do Copom, inclusive, o titular da Casa Civil já falou que tem expectativas de que os juros baixem com essa reunião. A senhora acredita que esse pode ser o início de um caminho para começar as negociações?

Eu espero que sim, porque é o que nós precisamos, que os juros baixem. Se baixar nessa reunião do Copom, a expectativa de baixa para a frente é maior e isso já tem aplicação na economia e nos investimentos, digamos, no ânimo dos empreendedores e dos empresários. Mas, pelo que eu estou vendo do comportamento do Campos Neto, que ele falou no Senado nos últimos dois dias, as entrevistas que ele dá, eu acho pouco provável. Ele está fazendo política. 

Aliás, ele foi ao Senado só agora, antes disso, ele deu entrevista em uma série de canais de TV, jornal, foi falar para investidores… O que o presidente do Banco Central vai falar para investidores? E ainda foi lá falar desanimadamente, de forma a dizer que estava ruim o cenário. Quer dizer, ele tem que ficar dentro do Banco Central, ele fala pela Ata do Copom, que, aliás, foi muito política a última que saiu, então, eu realmente espero que ele se recoloque como presidente do Banco Central e pare de fazer política. 

Existe alguma meta, deputada, do governo, de alcançar essa redução?

Nós gostaríamos que os juros estivessem baixos já nessa época, na situação de neutralidade que seria menos da metade do que está para você poder ter estímulos. Se o juros estão em uma situação de neutralidade, a opção fica ao empresário, do que ele quer, ai vai para o investimento. Mas teríamos que ter juros que realmente fizessem as pessoas investirem. Não tem justificativa essa taxa que nós estamos vivendo no Brasil.

Falando um pouco sobre a PL das Fake News, a oposição tem falado que é uma medida que vai trazer censura. O que que a senhora acredita que vai trazer de melhorias e como o governo tem se posicionado a respeito disso?

Eu não acredito que vai trazer censura, ela tem foco para não deixar a mentira e a violência avançarem nas redes. Eu não posso achar que é democrático, que é liberdade de expressão quando alguém vai para a rede social incitando matar outra pessoa. Isso não é liberdade de expressão. Isso é incitamento a violência e ao ódio e é crime. Não pode acontecer. Ou, mesmo, quando alguém vai para a rede e mente deslavadamente sobre outra pessoa, sobre uma situação, que é como aconteceu na situação das vacinas. E, aí, muitas pessoas não tomaram a vacina e morreram. Morreram de Covid. 

Então, isso não pode acontecer, isso não é liberdade de expressão. É para isso que essa lei está sendo votada, porque tem que ter um arcabouço legal, até para as pessoas conhecerem, de antemão, o que está sendo criminalizado e saberem que isso não pode fazer, porque está sendo criminalizado e vai ter consequências.

Obviamente, não é um tema fácil, é difícil, que a gente tem que discutir, mas tem que ter alguma coisa, o que não pode é ficar um vácuo, como estava, um vazio, ficar só no âmbito do judiciário e ele interpretando o que é e o que não é liberdade de expressão. Acho que pelo menos a gente vai ter um regramento.

Fonte: Pará – O Liberal.com 

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